Porque é que os hamsters comem os filhos?
Em todo o mundo animal somos surpreendidos pelos mais diversos comportamentos que os animais tendem a ter e que muitas vezes se parecem com vantagens evolutivas, das quais, nós humanos também as percecionamos. Porém nem todos os atos são percebidos como naturais ou biológicos, por vezes é mesmo difícil compreender porque é que um animal mataria uma cria da sua própria ninhada e no entanto isto acontece com mais frequência do que à partida imaginaríamos. Em algumas espécies os machos matam crias que não são suas para poderem ser eles a passar o seu material genético e hereditário. No caso das mães que matam as crias no momento do nascimento, acontece geralmente porque a cria pode estar doente. O facto de a mãe canibalizar a própria cria é também visto como uma forma de proteção, pois uma carcaça pode atrair outros predadores. Em qualquer que seja a espécie, se a mãe sentir que o ambiente que rodeia a sua cria pode ser nefasto para esta, então poderá matar os seus bebés para que estes não sofram de outra formas que poderiam ser ainda mais terríveis. É um pouco este o princípio que também está na natureza particular dos hamsters, mesmo quando a nossa mãe hamster parece estar no ambiente seguro que providenciámos para ela e para os seus filhotes.
Algumas vezes a mãe hamster pode matar algumas das suas crias em benefício da restante ninhada. Isto poderá querer dizer que talvez esta não tenha recursos suficientes para todos e tenha que ser obrigada a reduzir a sua ninhada para que ao menos outras crias possam sobreviver. Outra causa para este comportamento é diretamente relacionada com a inexperiência da mãe hamster, se esta tiver sido mãe pela primeira vez a probabilidade de se sentir stressada e com medo será maior, podendo levá-la a matar as suas crias. Para evitar esta angústia nos hamsters devemos dar-lhes espaço e tempo a sós com as suas crias. Esta será uma forma de darmos tempo de paz para criar uma ligação com as suas crias. Sabe-se que o cheiro é o grande laço que une a mãe hamster aos seus filhotes, desta forma é imperioso que não se toque nos recém-nascidos, pois assim poderão ganhar odores que impedirão que a mãe hamster reconheça as suas próprias crias. Acima de tudo, é muito importante manter muita água e comida na gaiola onde está a mãe e as suas crias, pois assim esta realizará que existe sustento para todos os seus filhotes, não tendo necessidade de matar alguns da sua prole para que outros sobrevivam. Pode acontecer que a ninhada seja demasiado grande para que a mãe hamster consiga cuidar e dar atenção a todos os seus bebés, mas seguindo determinados cuidados estaremos a ajudá-la.
Para contribui para o bem-estar da nova família de hamsters é bom investir numa gaiola espaçosa e com alguns brinquedos que ajudem estes roedores a libertarem a sua energia. Reiteramos a necessidade de que haja sempre água fresca, pelo que é aconselhável um bebedouro apropriado e cuja água seja mudada diariamente. Deve-se apostar em ração apropriada para hamsters e que haja sempre em largas quantidades, para que a mãe hamster se sinta num ambiente de abundância e próspero para as suas crias. Ainda assim evite fazer muitas manutenções na gaiola durante o período de pós-parto, como já aconselhamos, é importante que a mãe hamster tenha os seus momentos a sós com as suas crias. É de evitar que se juntem outros animais e pessoas perto da gaiola, principalmente crianças que ficarão com muita curiosidade de brincar ou tirar fotos às crias. Destes cuidados resultará uma família de hamsters felizes e quando a crias sejam um pouco maiores, estas poderão resultar num presente carinhoso para algum amigo ou familiar.
Aos poucos vamos sabendo que a natureza pode ser implacável e ditar comportamentos em animais e humanos que nos vão parecer contranatura. Porém a ciência já é capaz de explicar estes comportamentos e até mesmo a sua origem evolutiva. O melhor que podemos fazer perante o fenómeno da maternidade é compreender que algumas causas biológicas funcionaram num passado remoto como instrumentos de proteção da espécie. Não devemos esquecer, porém, que às vezes existe realmente comportamentos patológicos e inadmissíveis, mas no fundo o melhor que podemos fazer é dar o melhor de nós mesmos, tanto no que respeita o reino animal como em sociedade, para proteger e nutrir qualquer mãe e os seus filhos. Podemos fazê-lo considerando o microterritório em que estamos nós e os nossos animais de estimação, como também agindo e providenciando para que todas as mães do nosso planeta saibam que não estão sozinhas ou sem recursos para providenciar o melhor que podem para os seus filhos. No fundo é dever humano proteger as gerações vindouras, providenciar o suporte emocional que qualquer mãe precisa e tentar, pouco a pouco, derrubar a hostilidade que certos meios provocam. Parece ser um grande desafio para todos nós, mas cuidar do seu animal de estimação na hora da maternidade é o primeiro passo para ensinarmos a cuidar de qualquer que seja o ser vivo.
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