Porque é que os Cães Uivam?
Os nossos melhores amigos já serviram de inspiração a diversas obras de ficção, entre elas o White Fangs ou The Call of the Wild, do escritor norte-americano Jack London. Presas Brancas acaba por ser o herói homónimo da estória White Fangs, que também originou já vários filmes, tratando-se de uma personagem complexa que evolui segundo um princípio selvagem até ser domesticado. Um dos pontos mais sensíveis desta estória será a ligação inevitável com os humanos que o acompanham, assim como o meio ambiente que rodeia Presas Brancas, poderá ser determinante para que atinja a felicidade. Destas histórias retiramos a lição de que também o cão, tal como o ser humano, não nasce mau – e que a amizade entre ambos é inevitável. Talvez uma das imagens mais marcantes da estória de Presa Branca seja o momento em que se põe a uivar numa floresta, com uma lua cheia servindo de pano de fundo. Esta imagem acabaria por criar um imaginário coletivo muito forte em relação a uma atmosfera em que o cão ou o lobo se tornam animais noturnos e em solidão. No entanto, talvez o uivar não seja exatamente assim entendido pelos próprios animais.
Muitos amigos humanos tentam entender os seus companheiros caninos e uma das perguntas que surgem é: porquê uivam os cães? Na verdade existem muitas razões para isto acontecer, nomeadamente o facto de o cão ter uma ligação de parentesco mais próxima do lobo, tal como aconteceria com Presas Brancas. Neste caso o cão será inevitavelmente mais “selvagem”, estando este instinto de uivar ainda mais presente. Em termos evolutivos o uivar era usado especificamente para unir a matilha e o cão poder ser ouvido a longas distâncias por outros cães. Apesar de o cão se ter domesticado, esta característica manteve-se presente e é por isso que quando um cão uiva, de imediato outro cão na vizinhança começa também a uivar. O som do uivo é bastante diferente do latir, assim como também existem diferenças para o cão emitir um som ou outro. O uivo estará muito mais ligado a uma forma de comunicação animal que permite a segurança da matilha, mas também o acasalamento. Desta forma o uivo também pode significar a presença de uma fêmea com o cio nas imediações.
Mas o uivo não remete apenas para situações de natureza evolutiva na proteção e continuação da espécie. Na verdade o uivo também pode estar associado a uma forma de comunicação entre o cão e o seu tutor. No momento em que o tutor sai de casa e se afasta o cão poderá uivar para chamá-lo de novo até si. Outras vezes o cão pode até uivar para tentar cantar a música favorita do seu tutor e mostrar assim os seus dotes mais artísticos. Uivar é assim, na maioria das vezes, uma resposta bastante saudável do cão em relação ao ambiente que o rodeia. No entanto poderão existir algumas situações mais específicas em que talvez o uivo possa significar uma resposta menos por positiva por parte do cão. Alguns cães poderão uivar mais do que deviam no momento de separação. Nestes casos é preciso estar com atenção porque o cão pode estar com o síndrome de ansiedade de separação, o que poderá motivar outros comportamentos erráticos no animal. O cão também poderá uivar porque se sente entediado e a sua energia não está a ser bem canalizada para outras atividades. Esta situação poderá deixar o cão angustiado ou stressado, o que acaba por tornar o animal mais agressivo em relação a outros cães e até mesmo pessoas.
No decurso de domesticação do cão é necessário estar-se atento às comunicações que o animal emite, nomeadamente se o seu uivo é demasiado constante. Este poderá ser um sinal de que talvez o cão não esteja feliz ou não se sinta seguro. Podendo haver necessidade de levar o cão a um especialista em treinamento canino – e adotar novas formas de comportamento em relação ao cão. Também Presas Brancas necessitou de uma longa jornada afeto e compreensão por parte do seu tutor, para que pudesse atingir um momento de completa harmonia entre a sua forma de estar e o ambiente que o rodeava.
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